LÍNGUA PORTUGUESA
1.1 Os descritores de 4ª série (5º ano)
A matriz de referência (com foco em leitura)
apresenta um conjunto de descritores habilidades que atende ao
enfoque dado à prova para avaliar um conjunto de procedimentos
cognitivos, de capacidades de leitura do estudante. A matriz de referência de
Língua Portuguesa está estruturada em duas dimensões. Na primeira dimensão,
denominada “objeto de conhecimento”, são elencados seis macrotópicos,
relacionados a habilidades desenvolvidas pelos estudantes, a saber:
a) Tópico
I – Procedimento de leitura – Diz respeito a procedimentos
fundamentaisdo ato de ler no que tange às informações explícitas e implícitas
do texto, desde a localização, o entendimento de palavra ou expressão,
compreensão global da informação, até o resgate de informação nas entrelinhas
do texto.
b) Tópico
II – Implicações do suporte, do gênero, e/ ou do enunciador
na compreensão de texto – Diz respeito à “embalagem” em que o texto aparece, ou
seja, sua estrutura, seu suporte, a forma como é veiculado, o que o caracteriza
em um dado gênero discursivo.
c) Tópico
III – Relação entre textos – Este tópico diz respeito à
intertextualidade, ou seja, a comunhão entre textos quer na forma, quer no
conteúdo.
É o conjunto de relações explícitas (ou
implícitas) que um texto mantém com o outro. Neste caso específico, requer a
comparação entre textos do mesmo tema.
d) Tópico
IV – Coerência e Coesão no Processamento do Texto – Diz
respeito às ligações de sentidos, tanto em nível micro quanto em nível
macrotextual, ou seja, de que forma os recursos gramaticais estabelecem, por
exemplo, as relações de continuidade do texto. A palavra de ordem neste
tópico é o estabelecimento de relações semânticas, ou seja, relações de sentido
no texto.
e) Tópico
V - Relação entre recursos expressivos e efeitos de sentido –
Este tópico diz respeito ao uso de recursos quer lexicais (vocabulário), quer
fonológicos (da relação entre letra e som), quer notacionais (pontuação e de
outros sinais gráficos), e o efeito de seu uso, de sua escolha no texto.
f) Tópico
VI - Variação Linguística - Considerando a heterogeneidade da
língua (as diferenças de cada falante no uso da língua), e partindo de uma
concepção de língua que varia no tempo, no espaço, socialmente, nas diferentes
formas de falar das pessoas, homens, mulheres, crianças, idosos, este tópico
visa à identificação das marcas que caracterizam os interlocutores do texto.
À primeira vista, pode-se afirmar que os
seis tópicos que abrigam os quinze descritores da 4ª. série do ensino
fundamental se apresentam em uma perspectiva do texto e de seu processo de uso,
não em uma perspectiva do conteúdo. Não estão sendo avaliados conteúdos
específicos de língua portuguesa na série ou na etapa da escolarização.
É esta a peculiaridade de uma matriz que
avalia a competência leitora. Os tópicos que aglutinam os diferentes
descritores de habilidades apresentam as condições necessárias para um adequado
processamento da leitura pelo sujeito.
O leitor proficiente é capaz de reconstruir
diferentes situações, eventos, ações, personagens, léxico (vocabulário),
expressões para chegar à compreensão do texto, utilizando para isto muitas
operações que nem sempre são conscientes. É interessante observar, ainda, que
os três primeiros tópicos estão ligados ao texto em sua “estruturação
arquitetônica”; os três últimos, à sua constituição corporal, ou seja, os
recursos linguísticos que contribuem, em diferentes perspectivas, para a
construção do texto.
Cada tópico reúne um grupo de descritores
que visa à avaliação de diferentes competências do leitor. Passemos à análise
dos descritores.
1.1.1
Tópico I – Procedimento de leitura – 4ª série (5º ano)
Constituem
este tópico cinco descritores de habilidades.
D1 -
Localizar informações explícitas do texto
Esta é uma habilidade básica na compreensão
leitora do texto: a identificação de informações que estão claramente
apresentadas no texto. Trata-se de localização de informação explícita,
claramente identificável, o que permite avaliar se o estudante é capaz de
localizar a informação, sem o auxílio de informação concorrente no texto.
D3 –
Inferir o sentido de uma palavra ou expressão
O grau de familiaridade com uma palavra
depende da frequência de convivência com ela, que, por sua vez, está ligada à
intimidade com a leitura, de um modo geral, e, por conseguinte, à frequência de
leitura de diferentes gêneros discursivos.
Por isso, a capacidade de inferir o
significado de palavras – depreensão do que está nas entrelinhas do texto, do
que não está explícito – evita o sério problema que se constitui quando o
leitor se depara com um grande número de palavras cujo significado desconhece o
que interfere na leitura fluente do texto. Assim, a inferência lexical –
recobrir o sentido de algo que não está claro no texto – depende de outros
fatores, tais como: contexto, pistas linguísticas, para haver compreensão.
D4 –
Inferir uma informação implícita em um texto
Da mesma forma que se depreende o sentido
implícito de uma expressão, há uma complexidade um pouco maior quando se pensa
em inferência de informações. Este descritor requer do leitor uma capacidade de
construir a informação que está subjacente ao texto, partindo do contexto e das
pistas linguísticas que o texto oferece.
Trata-se, na verdade, do desvendamento do
que está subjacente, posto que há um balanceamento entre as informações de
superfície do texto e aquelas que serão resgatadas nas entrelinhas do texto.
Não é possível explicitar 100% as informações, sejam elas quais forem. Por
isso, pode-se dizer que existem graus diferentes de implicitudes do texto.
D6 -
Identificar o tema de um texto
Constitui-se em competência básica na
compreensão do texto, pois trata do reconhecimento do tópico global do texto,
ou seja, o leitor precisa transformar os elementos dispostos localmente em um
todo coerente.
D11 -
Distinguir um fato da opinião relativa deste fato
Dois conceitos são importantes neste
descritor: fato e opinião relativa ao fato. O primeiro – fato – algo que
aconteceu (acontece), está relacionado a algo real, quer no mundo
“extratextual”, quer no mundo textual. Já a opinião é algo subjetivo, quer no mundo
real, quer no mundo textual, que impõe, necessariamente, uma posição do locutor
do texto.
Este é um descritor bastante importante,
porque indica uma proficiência crítica em relação à leitura: a de diferenciar
informação de uma opinião sobre algo.
É
preciso ressaltar que, frente aos objetivos da avaliação a que estes
descritores estão ligados, os procedimentos de leitura dizem respeito à
localização e à identificação das informações.
1.1.2 Tópico II – Implicações do suporte, do gênero, e/ ou do Enunciador na
compreensão de texto.
São
dois os descritores deste tópico.
D5 -
Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas,
quadrinhos, foto, etc.)
Considera-se
parte constitutiva da habilidade de leitura a construção da estrutura textual e
de que forma esta estrutura traz implicações na compreensão de texto. Por isso,
entende-se que este descritor requer a construção de uma “armação” sustentadora
do assunto, ligada ao texto. Neste caso, o material gráfico pode levar o leitor
a entender as relações mais abstratas. A informação focada no material gráfico
pode preparar para a leitura verbal do texto. Entretanto, é, sem dúvida,
necessária uma intimidade com este tipo de linguagem, que visa à articulação
dessas duas formas de linguagem (verbal e não verbal).
D9 -
Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros Este é um descritor em
nível macrotextual que visa à identificação do gênero do texto, como também ao
reconhecimento de sua finalidade, seu propósito comunicativo.
1.1.3
Tópico III – Relação entre texto.
Há apenas um descritor de habilidade neste tópico.
Há apenas um descritor de habilidade neste tópico.
D15 -
Reconhecer diferentes formas de tratar a informação na comparação de
textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que ele
foi produzido e daquelas em que será recebido Neste descritor, a palavra-chave
é a intertextualidade. Está inscrita na concepção do descritor a relação de
interação que se estabelece entre os interlocutores. Isto pressupõe entender de
que forma o texto é produzido e como ele é recebido. Neste sentido, admite-se a
ideia de polifonia, ou seja, da existência de muitas vozes no texto, o que
constitui um princípio que trata o texto como uma comunhão de discursos e não
como algo isolado. Neste tópico, a ideia central é a ampliação do mundo textual.
1.1.4
Tópico IV – Coerência e Coesão no Processamento do Texto
Há
seis descritores neste tópico.
D2 -
Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou
substituições que contribuem para a continuidade de um texto Trata-se de uma
habilidade fundamental para o entendimento do texto: relacionar as partes de um
texto, tanto nas relações entre parágrafos, quanto nas relações dentro do
parágrafo. Embora requeira do leitor um conhecimento gramatical das funções que
um sintagma nominal e um pronome, por exemplo, podem exercer na frase, não se
trata – é importante enfatizar – de uma identificação de palavras, mas de
identificação de relações semânticas a que se pode atribuir coerência de
sentidos no texto.
D7 -
Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a
narrativa Neste descritor, vamos nos ater mais especificamente ao tipo de texto
(narrativo) e a seus componentes fundamentais. Portanto, diz respeito à
construção da coerência entre os elementos da narrativa em relação ao conflito
que gera o enredo.
D8 -
Estabelecer relação de causa/ consequência entre partes e elementos do texto
A
coesão sequencial diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos
quais se estabelecem, entre segmentos do texto, diversos tipos de relações
semânticas, responsáveis por fazer o texto progredir. Neste caso específico, a
relação é de causa/consequência: a busca dos porquês nas relações textuais.
D12 -
Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções,
advérbios, etc.
De forma mais ampla, este descritor visa à
ampliação dos descritores anteriores no que tange ao papel que as diferentes
palavras exercem na língua. Trata-se de relação de coesão, ou seja, de ligação
entre partes do texto, mas, neste caso, estabelecidas por palavras que
substituem outras, como, por exemplo, os advérbios e as conjunções.
Aqui está um bom exemplo do que é um
processamento textual e um conteúdo em sala de aula. Neste caso, não basta o
estudante reconhecer o advérbio de tempo, modo ou lugar, por exemplo, mas
entender como este advérbio une um parágrafo e outro, por exemplo, ou que
relação de sentido estabelece entre uma ideia e outra dentro do parágrafo.
1.1.5
Tópico V – Relação entre recursos expressivos e efeitos de sentido.
Há dois descritores de habilidades neste tópico.
Há dois descritores de habilidades neste tópico.
D13 -
Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados
A proficiência leitora requer do leitor a
capacidade de perceber os envolvidos no texto e também suas intenções. Neste
sentido, o uso de determinadas palavras e expressões constituem pistas
linguísticas que levam o leitor a perceber, por exemplo, um traço de humor do
texto. Neste descritor, o leitor proficiente deve perceber o efeito que a
palavra, expressão ou a construção de uma ideia, de forma irônica ou
humorística podem causar no texto.
D14 –
Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras
notações
Este descritor visa ao reconhecimento
discursivo do uso dos sinais de pontuação, ou seja, que efeito provocam no
texto, indicando uma pista linguística para entender a intenção comunicativa.
Aqui se faz necessário marcar a diferença entre o que é gramatical: saber usar
os sinais de pontuação, e o que é discursivo: saber avaliar o efeito decorrente
do uso em dado contexto.
Esta é outra contribuição importante da
matriz de referência: não basta o estudante conhecer os termos gramaticais. É
fundamental que o estudante saiba relacionar o uso dos recursos gramaticais ao
contexto discursivo. É neste sentido que vimos enfatizando que a matriz de
referência apresenta um cunho textual, que investiga, efetivamente, o processo
das informações a partir dos recursos disponíveis na língua.
1.1.6
Tópico VI – Variação Linguística
Há,
apenas, um descritor de habilidade neste tópico.
D10 -
Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de
um texto partindo de uma concepção dialógica do texto, o descritor 10 visa à
identificação das marcas que podem caracterizar os interlocutores, em
diferentes momentos, espaços, etc. já que sabemos que usamos a mesma a língua,
mas a usamos de forma diferente, quer pelas nossas próprias características,
quer pelo nosso nível de escolarização, informalidade ou formalidade do quê e
como queremos dizer, nossos regionalismos, etc.
Deve-se lembrar de que os parâmetros
da variação são diversos. Entretanto, estão imbricados, pois, no ato de
interagir verbalmente, o falante acionará a variante linguística relativa ao
contexto em que está inserido, de
acordo com as intenções do ato de comunicação.